Milagre

"Olhar a orquídea é ter tempo para a vida, e reconhecer nela o milagre que nos permite caminhar todos os dias", Quaresma..

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A fuga

Mercedes queria o dr. Marcos, mas não sabia usar do segredo da sedução. Ela também tinha uma queda impetuosa pelo enfermeiro Fernando.
No corredor do hospital, calmaria. Fernando surge da enfermaria 9, e deseja com o olhar as curvas de Mercedes. Ela, por sua vez, não percebe.
Mais jovem que a psicóloga, Fernando é insistente, e com prontuário nas mãos se aproxima. Ela suspira com as mãos dele na sua cintura.
É hora do descanso, e dr. Marcos tem um segredo. Ele o confidencia ao almoxarife, que deixa o setor para fumar e pigarrear aos risos do segredo.
Fernando também tinha o almoxarifado como um bom lugar para relaxar. E é lá que a conversa de baixo volume com Marcos parece uma trama.
O convercê dos dois é quebrado pelo ranger da porta que é aberta e fechada segundos depois. A fraca luz se apaga. Os dois são empurrados levemente.
Ao chão, em paralelo, na penumbra da sala, seus botões eram desatados. Calados se deixaram levar pela ferocidade das mãos e boca delicadas.
Noutro plantão dr. Marcos estava de folga. Fernando também. Mercedes sentiu uma mão forte na sua cintura. Não, não era a do enfermeiro.
Surpresa viu que a mão direita era do almoxarife, homem abrutalhado e mais másculo que os dois desejos de Mercedes. Tinha algo na mão esquerda.
Com o polegar pressionou o botão de play. Um vídeo, com luz especial para filmagens no escuro, começou a rodar na tela daquele celular moderno.
Ela não se intimidou com o almoxarife. Falou ao seu ouvido. Sem pressa ele deixou o corredor do hospital com sorriso largo, e desapareceu.
A cena se repete: a porta do almoxarifado é aberta. Desta vez não tem nenhum médico e nenhum enfermeiro dentro daquela sala escura.
Uma mão pesada desce da nuca em direção a abertura da bata de Mercedes. Um forte suspiro é silenciado logo em seguida pela outra mão.
Desnuda, a psicóloga se entrega ao almoxarife. Desta vez ela é a presa. Queria gritar, mas não podia. Então mordeu a mão do outro sem compaixão.
Noutro dia o dr. Marcos a procurou, mas não a encontrava. Fernando perguntou por ela, mas ninguém sabia do paradeiro da psicóloga Mercedes.
Não souberam tão cedo que, o que ela queria tinha encontrado como almoxarife. Os dois partiram mais para o norte, e não deixaram endereço.

Miniconto
Emerson Quaresma

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