Cabeça baixa e distante de si, Augusto não acreditava que aquela figura, esbelta, alta, e de olhos castanhos lhe estendia a mão, sedutora.
Se viu confuso com a atitude daquela que, aos seus olhos, era a dona da noite no piso amadeirado do salão do Atlético Rio Negro Clube.
Pensou duas vezes num curto espaço de tempo, e esboçou uma reação de ultraje, pois poderia ser firula das mais grosseiras da parte de Cândida.
Deu tempo de desistir e desistiu da atitude. Apanhou a mão da dama sob a meia luz, e seguiu por entre os outros pares daquela nave musical.
Nada muito atlético, tampouco atraente frente a figuras mais encorpadas que estavam naquele lugar, Augusto tentava saber o porquê de ele ser o eleito.
Apaixonado, trocou poucas palavras com a moça e arriscou ainda gravar o número do telefone dela, que encorajada seguia se divertindo.
Cinco músicas após o convite, ela pediu uma pausa para ir ao toalete, onde retocaria baton e maquiagem gastas com os beijos trocados com o parceiro.
Já não era sem tempo. Um tanto cansado ele cedeu aos apelos singelos da amada. Sua confiança e estima estava em alta naquele instante.
E no lugar onde tinham terminado o último passo fincou os pés. Diáfano para o mundo, copo de caipirinha à mão não viu a noite terminar.
Também não viu mais Cândida, que desapareceu. Não sabia que ela procurava um par apenas para ter a certeza de que não dançava desengonçada, sozinha.
Miniconto
Emerson Quaresma
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