Milagre

"Olhar a orquídea é ter tempo para a vida, e reconhecer nela o milagre que nos permite caminhar todos os dias", Quaresma..

terça-feira, 29 de junho de 2010

Dois segredos

Batista gritava muito olhando aquele terreno baldio, em plena madrugada. De onde Alba estava, parecia que Batista era próximo.
Apesar disso, Alba não conseguia entender o que o homem maltrapilho falava em frases desconexas, mas cheias de vigor, até mesmo arrogantes.
A mulher resolveu abrir a janela do quarto. Puxou o cortinado floreado. Sem muita pressa abriu o lado esquerdo da janela de madeira, fria.
O som do grito de Batista pareceu soar no pé do ouvido de Alba. Ela olhou para o terreno baldio e viu a silhueta daquele homem perturbador.
Lembrou do sonho de outra noite em que encontrava o ser amado. Ele a seduzia e a acariciava. Dormindo, Alba sentiu o vapor dos seus orgasmos.
Quis ver o maltrapilho da madrugada como o sujeito que lhe roubava o coração. Desceu as escadas à flor da pele. Correu até ele, perdida.
Desnuda do colo à cintura, e ansiosa pelas mãos ásperas do amado indivisível, não se deu conta do que ele falava ao vento, e se entregou.
Os raios do sol incomodavam os olhos dormidos de Alba. Eles invadiam o quarto dela com o vento que entrava pela janela aberta na madrugada.
Sem entender onde estava até olhar o cortinado floreado de primavera, puxou pela memória o ocorrido, até ouvir às 8h o mesmo grito das 3h.
Depois de olhar pela janela novamente, quis desta vez que o que viveu sob a brisa não passasse de um sonho lindo de mulher, rainha amada.
Soube que Batista era um lunático em crise, e que ele, ao gritar, pedia aos céus uma bela paixão, pelo seu silêncio sobre a verdade da vida.

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