Milagre

"Olhar a orquídea é ter tempo para a vida, e reconhecer nela o milagre que nos permite caminhar todos os dias", Quaresma..

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Meu filho ontem, meu filho hoje

A noite do dia 29 de outubro, de 2007, não foi das mais fáceis para mim, bem como toda conquista valiosa não é. Há de ter sempre muitas pedras no caminho para que o sabor da vida seja aquele do manjar de Deus. Mas essa é outra história que levaria um post único, dado às situações desse dia e as reflexões que aproximaria intimamente um passado remoto ao presente, presente. O mais importante mesmo foi o dia seguinte.

Ao acordar no dia de hoje, 30 de outubro, ainda que com alguma congestão nasal, senti o aroma daquela outra manhã, de seis anos trás. Hoje ele já estava um rapaz do meu lado. Naquele dia, ele ainda se aquecia no ventre da sua protetora. Embora com muito sono, hoje ele abriu os olhos e sorriu pra mim. Naquele passado ele chutava a barriga da sua mãe. Já acordado, ele respondia que dia que era hoje, e insinuava com o polegar que era o seu dia. Naquela manhã de 2007, ele fazia o dia ser todo nosso. Nessa manhã de 2013, o fiz sentir que realmente o dia seria todo dele.

E ele veio – rebento anjo –, às 11h45, com seus 3 quilos e 305 gramas, distribuídos naqueles 49 centímetros. Trazia consigo todo o segredo da felicidade a ser distribuída por ele a conta gotas, como somente as crianças sabem dosar aos pais, tias, tio (um apenas no caso dele) e avós. E foi como eu disse mais cedo, me tornou um homem melhor.

Graças a Deus e o esforço que fiz no dia 29, no dia 30 eu pude assistir a todo o parto, até mesmo algum nervosismo do obstetra, e a tranquilidade quase fria da pediatra. Vi tudo com um rio de lágrimas nos olhos. Não era pra menos, se tratava do meu filho, o mais belo dos milagres que podemos assistir a olho nu.

Depois do primeiro choro paterno eu me tornei um vigilante. Por de trás de uma parede de vidro o acompanhei com o olhar atento para que outras mãos não o tomassem de mim e da mãe dele. Por horas fiz vigília, enquanto aquele corpo gelado como o ártico era aquecido, até que, enfim, fora levado aos braços daquela que o carregou por nove meses.

Seis anos depois me pego reescrevendo mais uma vez sobre ele, sobre esse momento, tentando achar algo de novo para contar. E por incrível que pareça percebo que isso é possível, afinal de contas, a vida tem disso, de ser sempre renovada.

E aqui, compartilho um poema que escrevi na tarde daquele dia abençoado..

Rebento anjo
(ao meu filho Igor Vinícius)
Manaus, 30 de outubro de 2007


Suas asas de anjo saíam lentamente
Do ventre forte da tua protetora.
Aprumavam firmes e celestiais
Rumo à vida nova, sob o meu pranto,
E o sorriso já tranquilo do obstetra.

E doce era o gosto paterno de vê-lo
Alçando o seu primeiro vôo, alvo,
Sobre os braços da pediatra.
Gelado como a neve do ártico,
Anjo, singelamente purificado.

Minhas lágrimas de menino pai
Jorravam frente a sua presença
Que me fazia tremer o corpo
E reascendia a nova esperança
Que em leve aroma doce vai.

Teu forte choro, subitamente,
Me enfeitava a alma de vida, atento
Pela tua vida jovem toda garantida
Aos olhos e ouvidos veementes.
Sim, és Igor Vinícius, o meu rebento.

Filho, tão esperado quanto o vento
Desde a tua primeira morada,
(O ventre forte da tua linda mãe).
E assim tocava a bela canção, de alento,
No início de uma tarde renovada.




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